Nota em defesa da Soberania e de repúdio às interferências do governo dos Estados Unidos nas questões internas do Brasil

  • 15 de agosto de 2025
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A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) manifesta veemente repúdio às recentes sanções e declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que configuram graves agressões à soberania nacional, à democracia brasileira e ao pleno funcionamento de nossas instituições.

O governo norte-americano atual tem adotado medidas de caráter político e econômico contra o Brasil, como a imposição de tarifas arbitrárias a produtos brasileiros, a aplicação de sanções a autoridades do Supremo Tribunal Federal, a seus familiares, e a gestores públicos. Entre os alvos estão Alberto Kleiman, diretor da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para a COP30; Mozart Júlio Tabosa Sales, Secretário de Atenção Especializada e a familiares do Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Tais atos têm como pano de fundo a tentativa de constranger e intimidar autoridades brasileiras, interferindo indevidamente em processos judiciais e políticos legítimos de nosso país.

É inadmissível que o governo dos Estados Unidos utilize sua posição econômica e política para exercer pressões externas visando impedir que o Poder Judiciário brasileiro cumpra seu papel constitucional, inclusive no julgamento de indivíduos envolvidos na tentativa de golpe de Estado e na ruptura democrática ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Essas ações afrontam diretamente a independência do Brasil e representam uma tentativa inaceitável para fragilizar nossas instituições e explorar riquezas nacionais, como petróleo e minerais estratégicos.

A ABEn também repudia à retórica do presidente Donald Trump, que se apresenta como defensor de “direitos humanos” enquanto mantém práticas e posicionamentos contraditórios, como a deportação sumária de imigrantes para prisões em El Salvador, a omissão diante do genocídio palestino em Gaza e a condescendência com a ofensiva territorial do governo russo sobre a Ucrânia.

Reiteramos nosso apoio e solidariedade ao Ministro Alexandre Padilha, a Mozart Sales, a Alberto Kleiman e a todos os que foram injustamente alvo de sanções pelo governo norte-americano. Reafirmamos, igualmente, a defesa do Programa Mais Médicos, política pública essencial para ampliar o acesso à saúde em regiões historicamente preteridas por médicos brasileiros e para assegurar o direito constitucional de toda a população brasileira a um sistema público, gratuito e de qualidade. O ataque à personalidades diretamente ligadas ao setor saúde, explicita o quanto os avanços conquistados em nosso país no caminho da efetivação do direito à saúde – como o fato de termos um sistema de saúde universal, o SUS – fortalecem a nossa soberania e nos diferem daqueles que reconhecem a saúde como mercadoria.

O Brasil é uma nação livre e soberana. Não cabe a qualquer governo estrangeiro ditar nossas decisões judiciais, impor condicionantes políticas ou influenciar o rumo de nossas políticas públicas. A ABEn conclama a Enfermagem e a sociedade brasileira a permanecer unida, vigilante e resistente, fortalecendo a democracia, defendendo a soberania nacional e garantindo que os interesses do povo brasileiro prevaleçam sobre qualquer tentativa de subordinação externa.

Diretoria da ABEn Nacional

Brasília, 15 de agosto de 2025