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1º Encontro Nacional de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem discute a importância de organização política e representatividade

  • 13 de novembro de 2024
  • Livia

Na tarde deste dia 13 de novembro, foi a realizado o 1º Encontro Nacional de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, um importante passo na organização dessas(es) profissionais. Para a presidente da ABEn Nacional, Jacinta Sena, a valorização e o reconhecimento da importância de técnicas e técnicos para os processos de saúde é fundamental para que toda a Enfermagem se fortaleça diante da sociedade.

“Este encontro se constitui um marco para a ABEn. Os diálogos e partilhas durante as rodas de conversa vão apontar estratégias para fortalecer a enfermagem e resultarão na constituição do Comitê Nacional de Técnicas e Técnicos de Enfermagem da ABEn, com o objetivo de contribuir para as agendas e ações de nossa associação, buscando qualificar a formação e educação, assim como o processo de trabalho da enfermagem na atenção à saúde  da população”, afirma a presidenta da ABEn Nacional, Jacinta Sena.

O encontro começou com o Painel Processo de trabalho e competências: limites e formação, mediado pela vice-presidente da ABEn Nacional, Sônia Alves, com as(os) profissionais Ana Lúcia Teixeira (PB), Edson Gomes (PB), Ketully Tayanne Oliveira (DF), Juliana Coimbra (SC). Os desafios que esses profissionais enfrentam no dia a dia e a necessidade urgente de reconhecimento e valorização social foram questões centrais nos debates. 

As(os) participantes destacaram que técnicos e técnicas de enfermagem desempenham um papel crucial no sistema de saúde, muitas vezes sendo a linha de frente no atendimento direto ao paciente. Essas(es) profissionais lidam com condições de trabalho desafiadoras, incluindo longas jornadas, alta demanda de pacientes e, muitas vezes, recursos limitados. Além disso, a remuneração e as oportunidades de desenvolvimento profissional nem sempre refletem a importância de suas contribuições. Muitas(os) técnicas(os) de enfermagem relatam falta de valorização social e salarial, enfrentando ainda estigmas e falta de compreensão sobre a complexidade de suas funções. Em um cenário em que a saúde é uma prioridade, o reconhecimento das(os) técnicas(os) de enfermagem como pilares essenciais se torna uma necessidade.

Importância da organização política

As(os) participantes reforçaram a importância e a necessidade de se organizarem politicamente para que as demandas dos técnicos de enfermagem sejam ouvidas e transformadas em ações concretas. A atuação em sindicatos e associações de classe, como a ABEn, permite que os técnicos tenham uma representação legítima e unificada em espaços de tomada de decisão, garantindo que suas necessidades e desafios específicos sejam reconhecidos nas discussões sobre políticas de saúde, remuneração, condições de trabalho e direitos profissionais.

Muitos reforçaram a importância de que os técnicos compreendam melhor seus direitos, pois “sem conhecimento, não há luta; e sem luta, não há direitos.” Ao final, foi unânime o reconhecimento de que este encontro marca o início de uma jornada. “Esse encontro é o primeiro passo; precisamos avançar e começa por aqui, com nossa inclusão como categoria e com orgulho da escolha de cuidar. Afinal, a enfermagem nos escolhe, e cuidar é um ato de amor”, afirmou a técnica Rosimeire Morais.

Os desafios enfrentados pelos técnicos e técnicas de enfermagem não se limitam apenas ao presente, mas também impactam o futuro da profissão. Durante o encontro, foi enfatizada a importância de apoiar a luta dos estudantes de enfermagem, pois as consequências das atuais restrições econômicas afetarão diretamente os profissionais que estão em formação hoje. O cenário de dificuldades enfrentado pelos profissionais da saúde, incluindo baixos salários e precarização das condições de trabalho, reflete um problema maior, que é o futuro das gerações que estão começando sua trajetória na profissão.

“É preciso fortalecer a formação política de estudantes e de profissionais da enfermagem. Formar pessoas conscientes, para que haja a compreensão de que as soluções são políticas e coletivas”, afirmou o coordenador do Comitê Estudantil Nacional da ABEn, Daniel Martins.

A técnica mineira Ilda Alexandrino chamou a atenção para a necessidade de que os(as) técnicos(as) ocupem os espaços de construção além dos sindicatos como as conferências municipais e estaduais, os conselhos e que fiquem atentos aos projetos de lei os sindicatos, ficar atento aos projetos de lei que afetam diretamente os(as) trabalhadores(as) da saúde, como a PEC 19 (que vincula o pagamento do piso á carga horária de 30 horas), e a proposta para a PEC que acaba com a escala 6×1.  “O enfraquecimento dos sindicatos por causa da reforma trabalhista de 2017 deixou os(as) trabalhadores(as) vulneráveis, pois não há sindicatos fortes nem para fazer uma convenção ou acordo coletivo. É preciso consciência política para que a gente reconheça a importância de fortalecer e participar dos sindicatos e dos espaços políticos”, afirmou Alexandrino.