Nota de Pesar e Repúdio ao Feminicídio da Enfermeira Márcia de Fátima Meira e à Violência Misógina Contra a Ministra Marina Silva
A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) expressa seu mais profundo pesar e veemente repúdio ao feminicídio da enfermeira Márcia de Fátima Meira, assassinada por seu ex-companheiro dentro da unidade de saúde em que trabalhava, na cidade de Avaré (SP), em 28 de maio de 2025.
Trata-se de um crime bárbaro que evidencia, mais uma vez, a persistente e devastadora violência contra as mulheres no Brasil. Márcia foi atacada por um homem que não aceitava o fim da relação, como ocorre em muitos casos de feminicídio. Sua morte nos convoca à ação coletiva para combater a cultura machista que ainda naturaliza o controle, a violência e o assassinato de mulheres.
É urgente educar meninos, adolescentes e homens para o respeito às mulheres e à vida. A ideia equivocada de que homens têm poder sobre mulheres precisa ser desconstruída desde cedo. As mulheres são sujeitas de direitos, autônomas e merecedoras de respeito em todos os espaços — em suas casas, em espaços coletivos, e especialmente em seus ambientes de trabalho.
A ABEn, enquanto entidade que representa uma categoria profissional formada majoritariamente por mulheres (87%), reafirma seu compromisso com o enfrentamento à violência de gênero. Participamos do lançamento do Colaboratório Com Elas – Pelo fim do Feminicídio no Distrito Federal, coordenado pela Fiocruz Brasília, com o objetivo de fortalecer redes de proteção e acolhimento às vítimas.
Sabemos que para muitas mulheres, o sistema de saúde é a principal porta de entrada para falar sobre a violência que sofrem. Por isso, é especialmente preocupante o fato de que o assassino da enfermeira Márcia teve amplo acesso a uma unidade de saúde sem que qualquer tipo de intervenção das forças de segurança estivessem atentas à possibilidade de violência. A proteção às mulheres e às(aos) profissionais de saúde precisam ser o foco das autoridades estaduais e municipais, principais responsáveis pela garantia da ordem pública no cotidiano de nossa sociedade.
O machismo estrutural que ceifou a vida de Márcia também se manifesta em outras esferas da sociedade. No dia 27 de maio de 2025, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de ataques misóginos durante uma audiência no Senado Federal. Parlamentares desrespeitaram sua autoridade e dignidade, evidenciando que a violência de gênero não se limita a agressões físicas, mas também se expressa em atitudes que buscam silenciar e deslegitimar mulheres em posições de liderança.
A ABEn repudia veementemente esses episódios de violência e reafirma a necessidade de uma transformação cultural que elimine o machismo e a misoginia de nossas instituições e relações sociais. Somente assim poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa, onde todas as mulheres possam viver e trabalhar com segurança e respeito.
A ABEn se solidariza com os familiares, colegas e a comunidade de Avaré. Que a memória de Márcia, uma mulher que dedicou sua vida ao cuidado, e a resistência de Marina Silva nos inspirem a não recuar diante do desafio de construir um país livre de feminicídios e de todas as formas de violência contra as mulheres.
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn)
29 de maio de 2025