Valorização do cuidado: um passo para uma sociedade mais justa
O dia 8 de março é sempre um dia de reflexão sobre os desafios que as mulheres ainda encontram em nossa sociedade. Um desses desafios são os diversos tipos de violência sofridos pelas pessoas de gênero feminino, que se refletem em milhares de casos de agressões, ameaças, violência psicológica e financeira, feminicídios e outros tipos de violência.
Fortalecer estratégias de acolhimento e proteção às vítimas de violência são passos fundamentais para transformar essa realidade. Mas não apenas isso: é urgente agir na fonte da violência: a ação dos homens, movida pelos valores de dominação inerentes a uma estrutura de poder que os beneficia na sociedade e os desobriga das ações de cuidado com a família, com eles mesmos, com a natureza e com a sociedade.
Essa lógica – que define o cuidado como uma obrigação feminina, e não como uma responsabilidade coletiva – é a energia que dá vida à estrutura patriarcal e neoliberal, que explora o trabalho de cuidado feminino, desvalorizando-o. Assim como outras profissões associadas ao cuidado, como a pedagogia e a assistência social, a enfermagem enfrenta a desvalorização, sobrecarga de trabalho, remuneração desproporcional, falta de reconhecimento e até mesmo violência no ambiente profissional.
As consequências dessa estrutura não recaem apenas sobre as mulheres, mas sobre toda a sociedade. Quando o cuidado é desvalorizado, os serviços de saúde sofrem com falta de investimentos, as(os) profissionais sofrem com más condições de trabalho e a população perde em qualidade de atendimento. Por isso, para garantir condições dignas de trabalho, combater assédios, violências e desigualdades, mulheres e homens precisam lutar juntos para que o cuidado passe a ser reconhecido em sua dimensão científica, profissional e cultural, sendo, portanto, de responsabilidade de todas as pessoas, independentemente de seu gênero.
Apenas quando o cuidado for compartilhado de forma equitativa poderemos construir um futuro mais justo, onde mulheres – sejam enfermeiras ou de qualquer outra profissão – não sejam vítimas de uma lógica que as explora e as violenta.