Violência contra profissionais de enfermagem no DF: quase 70% relatam agressões no ambiente de trabalho
A violência contra profissionais de enfermagem no Distrito Federal ganhou novos contornos com a divulgação dos estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF/Codeplan), a pedido da Associação Brasileira de Enfermagem – Seção DF (ABEn-DF) e da Câmara Legislativa do DF. Os resultados revelam um cenário preocupante: 69,1% das profissionais entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de violência no trabalho. Para falar sobre os resultados dos estudos, conversarmos com a presidenta da ABEn-DF, Karine Afonseca, sobre esses números, sobre o papel da ABEn-DF nesse processo e os próximos passos para transformar os dados em ações concretas. Assista a entrevista completa aqui:
Fatores estruturais e urgência de respostas
As formas mais comuns de agressão são verbais (61,7%), seguidas de assédio moral (35,6%), violência física (15%) e assédio sexual (8,4%). As técnicas e auxiliares de enfermagem são as mais expostas à violência física e sexual, enquanto os principais agressores são pacientes, familiares, chefias e colegas de trabalho.
Além das agressões, o levantamento mostra que apenas entre 10% e 15% das vítimas formalizam denúncia. A maioria das profissionais relata descrença nas providências ou medo de retaliações, o que reforça o ciclo de silenciamento e impunidade.
Os impactos são profundos: estresse, ansiedade, adoecimento mental e desmotivação aparecem entre as principais consequências para as trabalhadoras e trabalhadores.
Segundo o estudo, falta de segurança, superlotação e déficit de profissionais estão entre as principais causas das ocorrências. Esses fatores criam um ambiente de vulnerabilidade e sobrecarga, agravando o risco de violência.
Um segundo documento, o “Mapeamento de Iniciativas de Combate à Violência na Enfermagem”, também elaborado pelo IPEDF, mostra que há poucas políticas específicas voltadas à categoria e que as ações existentes se concentram principalmente na região Sudeste. O levantamento defende a criação de protocolos institucionais, campanhas educativas permanentes e legislação que reconheça e penalize a violência no ambiente de trabalho da enfermagem.
ABEn-DF cobra efetividade e atualização das políticas públicas
A presidenta da ABEn-DF, Karine Afonseca, destaca que os dados reforçam a urgência de transformar diagnósticos em medidas concretas.
“Esses números dão visibilidade ao sofrimento cotidiano de quem cuida da população e ainda enfrenta agressões em seu ambiente de trabalho. Precisamos garantir segurança, acolhimento e políticas que protejam esses profissionais”, afirma.
Afonseca lembra que o Guia de Prevenção da Violência contra Profissionais de Enfermagem, publicado pela Secretaria de Saúde do DF em 2022, foi um passo importante, mas precisa ser revisado à luz das novas evidências.
📄 [Inserir link para o Guia de Prevenção da SES-DF (2022)]
“As recomendações do estudo — como contratar mais profissionais, reduzir a superlotação e criar sistemas de alerta — devem ser tratadas como prioridade. São medidas que salvam vidas, inclusive as dos profissionais que garantem o funcionamento da rede pública de saúde”, reforça a presidenta.
Transformar dados em ação
Para a ABEn-DF, os estudos do IPEDF são instrumentos essenciais para fundamentar políticas públicas e práticas de gestão que enfrentem a violência de forma estrutural.
A entidade pretende usar os resultados como base para propor novas normas e campanhas educativas, em parceria com gestores, sindicatos e instituições de ensino.




Relatório_ Violência-contra-profissionais-de-enfermagem-no-Distrito-Federal
Sumário executivo_Violência-contra-profissionais-de-enfermagem-no-Distrito-Federal
Mapeamento_Violência-contra-profissionais-de-enfermagem-no-Distrito-Federal (2)
Guia_145058731_GUIA_FINAL_GPVPE___2_



